Autonomia para os estudantes: é possível?

Educadores e profissionais ligados ao ensino sabem que este é um tema recorrente. Afinal, até que ponto o aluno pode decidir ou interferir sobre a sua atuação na escola é possível criar um diálogo entre professor e estudante e, ainda assim, manter a autoridade e o respeito em relação aos papéis dentro da sala de aula? Jennifer Groff, pesquisadora-assistente do Laboratório de Mídias (Media Lab) do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), acredita que sim. Para ela, é fundamental que o ensino seja cada vez mais baseado em habilidades e experiências e que os jogos tenham papel essencial dentro das escolas.

Veja algumas questões apontadas por essa e outros especialistas quando o assunto é promover a autonomia e o pensamento crítico dos alunos:

- Matéria e contexto: uma das questões que mais afastam e deixam os estudantes desinteressados é não saber o motivo pela qual precisam aprender determinado assunto. Por isso, uma dica interessante é sempre utilizar exemplos de situações reais para que eles possam assimilar a matéria. No caso da matemática, por exemplo, o game Brinquemática, da PlayTable, é indicado para crianças a partir dos seis anos e insere até quatro jogadores simultâneos em uma aventura pirata. Para evitar que o barco afunde, cada um deles precisa calcular quanto de moedas pode colocar na rodada. Para isso precisarão utilizar operações de soma, subtração, divisão ou multiplicação. O navio sempre irá pender para o lado com mais moedas, obrigando as crianças a estabilizá-lo a partir das contas de matemática.



Quando sabem o motivo pelo qual estão aprendendo determinado assunto e a razão dessa matéria, os alunos tendem a assimilar melhor o conteúdo. A dica vale para qualquer campo de estudo.

- Experiência individual e coletiva: cada vez mais a escola é um ambiente de formação de cidadãos. Aqui, mais do que explicar o conteúdo disposto na grade curricular, os professores precisam apoiar o pensamento crítico. Para isso uma ação importante é a promoção de debates, o estímulo à opinião e a criação de atividades em conjunto. Sejam jogos, grupos de estudo, é sempre essencial que as crianças aprendam a conviver com outras opiniões.

- Menos expectativa, mais diálogo: é fundamental que existam regras e roteiros a serem seguidos na educação. Eles auxiliam na criação de métricas, no desenvolvimento de grades curriculares e na cultura educacional. No entanto existem algumas questões que podem ser revistas, e o apoio e iniciativa dos professores são primordiais. É o caso da expectativa em relação a aprendizagem das crianças, especialmente nos primeiros anos da vida escolar. Nem todas se desenvolvem de acordo com os marcos estabelecidos e é importante discutir as necessidades de cada uma delas. Um aluno considerado ruim em relação a assimilação de alguma matéria pode ser, na verdade, uma criança hiperativa, que precisa dos estímulos certos para aprender e se desenvolver. Por isso, de acordo com Groff, o professor precisa ter um papel de monitor, apoiando a criança na busca pela aprendizagem, de acordo com as suas necessidades.  

Cristiano Sieves

Especialista em Ludopedagogia

Especialista em Ludopedagogia para Educação Infantil e anos iniciais e autor de livros infantis, tem mais de 10 anos de experiência desenvolvendo jogos e games na área de Educação. Atualmente é Gerente de Marketing e Produtos na Playmove.